"O poeta convalescente
distribuindo os prospectos
sobre o alarido da enfermaria
apesar da dor, larga-se ao sonho
está desperto
sob os brios do clorofórmio
acesso em sua pesquisa
diária de não vir a sucumbir.
O poeta padecendo
convalesce a nós todos;
não desce já aos Campos Elíseos
ocupado que esteja
sondando o remédio universal.
Gravemente nos convova
para a contenda irremediável
silenciosa abaixo dos holofote:
o poeta não-bélico, mas cândido
cândido sob árvores nuas
vai apascentando cuidados
repartindo luzes
de órfão cidade
guiando lúgubres lustres
à custa do século inumerável.
(chico vieira, dezembro de 2 mil e 3)
a palavra é o mundo em miniatura, um silêncio que aparece. as palavras são sementes de sentido.
sexta-feira, 4 de maio de 2007
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