“Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?”
(F. Pessoa)
Não há mais segredo algum: Peter Parker não é mais o homem-aranha. Cansou-se de estripulias, de vigílias trôpegas, de cansaços inúteis na vida. Mardônio aprendeu a delicadeza das montanhas, seres eternos e distantes, azuis. E o fez na Serra de Ibiapaba, entre chuvas e cavernas, lugar sagrado, onde o sol é uma bola branca vestida de nuvens. O pato é um iluminado, sim, como ele mesmo lembra: porque nada, anda e voa. Não sei se voa não. Da última vez que Peter Parker tentou voar acabou quebrando a perna numa outra serra.
Meu amigo casa-se hoje. Hoje, terei um amigo casado na lei. Hoje, veria um amigo limpo e feliz, vestido classicamente, dentro de um terno, uma gravata ou mesmo uma simples calça de brim, se pudesse visitá-lo. Meu amigo aprendendo a delicadeza dos dias. Quotidiano? Impossível. Mardônio quotidiano? Aqui ó!!! Tributável por força da cidade porque isso todo mundo é. Mas fútil? Não, fútil não senhor.
Lembro do Mardônio, Ylo, correndo ao redor do quarteirão, criando performances espontâneas, instantâneas e brutais até. Esse negócio de Cinema Direto veio mesmo a calhar. Nada de falseteamento. A ordem agora, é o agora, o aqui. Lembro de como Mardônio era pedregoso, ainda o é em algumas ocasiões mas a gente releva porque a gente sabe: é o Mardônio, tinha que ser o Mardônio, só podia ser o Mardônio. Se não for o Mardônio, tenha certeza, é o Emílio.
Mas ele foi lapidado pelas águas, Uirá. Foi trabalhado pelo vento. Foi modificado pelo tempo e pela idade, que nosso amigo não mais um jovenzinho não. Hehe! Dizem que ele não consegue nem mais correr cem metros, que dirá dar a volta no quarteirão. Na serra, um aluno que encontrei por acaso me perguntou "quem é esse senhor?". hehe! Mardônio França, o homem que abre janelas, em muitos sentidos. Mardônio França, o homem que se casa hoje sob o julgo da lei e abre janelas.
Madelaine é seu pequeno grande amor. Garotinha linda e esperta, que deve ter lhe ensinado a delicadeza do silêncio. A serra lhes fez bem, Ayla, muito bem. Foi num tempo de chuva, com duas ou três barracas e dois colchões de ar. O esforço de encher os colchões ensina a dormir. Madelaine e seus olhos. Madelaine, o amor de meu amigo.
Mardônio França, um corsário casado, o que você me diz Dídimo? Era impossível. E as apostas, meu caro, deverão ser muitas e altas, como foi por aqui. Mas o tempo, querido, o tempo é o senhor dos anéis. Saturno. É o ano do Saturno. O tempo da colheita. E você colhe flores se planta delicadezas. Colhe borboletas e pássaros se planta jardins.
Meu jardineiro fiel, meu companheiro feliz. Que o caminho dos jardins lhes leve até o quintal das árvores, onde habita, invisível, o silêncio. Luz e paz, sorte e força, meu amigo, meu irmão.
Como fiquei de fora da lista da família, hoje, eu serei, como quer Marcelo Bittencourt, o poeta-padre. Já que o Pajé mora na Bahia. Simone será a coroinha. Que os deuses lhes abençoem! Que os espíritos antigos lhes afaguem o juízo!
Amar, aprender e guiar
sempre.
a palavra é o mundo em miniatura, um silêncio que aparece. as palavras são sementes de sentido.
sexta-feira, 22 de junho de 2007
terça-feira, 19 de junho de 2007
segunda-feira, 18 de junho de 2007
domingo, 17 de junho de 2007
Encontro com a Floresta
presente do poeta Aluízio de Azevedo de Cuiabá quando da minha visita por lá este ano
Quem és tu?
Que sai do oco do mundo
Ilumina o meu viver
E se esvai em segundo?
Quem pensa que és?
Aquele que usa os pés?
E viaja sem destino,
Vivendo o sonho de menino.
Poeta da floresta?
Lenhador de palavras?
Coletor de versos?
E pescador de sonhos?
Tu és um ser mitológico!
Um ser encantado”
Saci pererê,
E alecrim dourado.
Tu és meu rumo.
Meu porto que acredito.
Inspiração de poesia,
E fonte de alegria
Tu é meu muso-poeta
Minha nova sintonia
Para nas águas do mar
Eu amar, viver e guiar
Sereia sonora
Encanta em outrora
Traz-me as horas
De outras auroras
Ser que me encanta
Que toca o meu peito
Oferece-me um jardim!
E foges de mim...
Não vá sem rumo
Obedeça meu comando
Venha sem apuro
E aceite do cigano o ouro
Eu espero o futuro
Que vejo fluir o fruto
Tu certamente estás seguro
E livre de todo escuro
30 de maio
2mil e 7
Quem és tu?
Que sai do oco do mundo
Ilumina o meu viver
E se esvai em segundo?
Quem pensa que és?
Aquele que usa os pés?
E viaja sem destino,
Vivendo o sonho de menino.
Poeta da floresta?
Lenhador de palavras?
Coletor de versos?
E pescador de sonhos?
Tu és um ser mitológico!
Um ser encantado”
Saci pererê,
E alecrim dourado.
Tu és meu rumo.
Meu porto que acredito.
Inspiração de poesia,
E fonte de alegria
Tu é meu muso-poeta
Minha nova sintonia
Para nas águas do mar
Eu amar, viver e guiar
Sereia sonora
Encanta em outrora
Traz-me as horas
De outras auroras
Ser que me encanta
Que toca o meu peito
Oferece-me um jardim!
E foges de mim...
Não vá sem rumo
Obedeça meu comando
Venha sem apuro
E aceite do cigano o ouro
Eu espero o futuro
Que vejo fluir o fruto
Tu certamente estás seguro
E livre de todo escuro
30 de maio
2mil e 7
O palácio das árvores
para simone rô passos
Grandes senhoras cegas, como duas imensas árvores.
São duas senhoras que se olham, se acariciam, se tocam, se abraçam, se entrelaçam, se apertam, puxando, arrastando uma a outra. As grandes damas se rasgam, se batem, se agridem, gritam, calam-se... mas não se misturam, não se aglutinam, não se amam, não se vêem dentro da outra, não se sonham, não se sabem, não se comem, não trepam, não gozam.
Não vivem juntas, estas senhoras não convivem. Se encontram casualmente, de vez em quando, vez por outra, por obra de um rapaz jovial e travesso, o acaso.
São duas damas, duas respectivas senhoras de si e dos outros que vivem sob suas saias, seus vestidos, seios e sexo, se alimentando, lhes sugando todo o leite, o mel, o vinho, cachaça, a cana, o suco, a seiva, o sangue, a vida, a cor, como parasitas saciando-se. Sangue-sugas, víboras entrelaçadas nos braços e nas pernas das mais antigas senhoras do universo: a senhora destino; a senhora justiça.
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