terça-feira, 19 de junho de 2012

Bem que a gente podia ter um Google dentro da gente!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Entre o céu e a terra

"espírito" é palavra donde ver "espirro", que vem pelo nariz. Por isso diz a Bíblia que Deus soprou nas ventas do homem para dar-lhe vida. Os antigos diziam que o espirro era outro espírito tentando entrar no nosso corpo. Os gregos chamavam as pessoas tomadas pelo espírito de Deus de "endosiamos": endo (dentro) si (si mesmo) asmos (ar, espírito), que dá a palavra "entusiasmo/entusiasmado", que significa o mesmo que "animado". Ora, "anima", em latim, significa "alma que também pode se chamar "psiquê" do grego que tb quer dizer "mente". Os gregos chegavam nesse estágio mental/espiritual do "entusiasmo" bebendo vinho. Bebida destilada, em inglês, é "spirits". Assim, fica demonstrada a similitude entre todas as coisas do mundo e, quem sabe, além dele. Como dizia a reza antiga: "assim na terra como no céu".

domingo, 8 de abril de 2012

Agora não.
Quando eu enfim aprender os silêncios.
Quando eu enfim entender os segredos.
Quando eu tocar os seus dedos, sem anéis, sem alianças,
E ainda assim estivermos casados;
aí sim.

Mas agora não.

Quando eu sondar o universo inteiro
Quando eu vasculhar os espelhos
entender, enfim, os segredos;
aí sim.

Mas agora não.
Agora não.

Quando eu souber se ainda é cedo,
ainda que tarde demais.
Quando eu aceitar os meus medos
Inda que num rompante fugaz.
Quando eu amar o que não é belo, inclusive,
E a beleza da pele não for mais uma atrocidade,
só me inspire;
aí sim.

Mas não agora.
Agora não.

DON'T GO

to Talita Silva Bezerra, Tiago Silva e Carol

Through the window of my soul
the answer of the wind is blown
with the sound of silence here
in the voice of mind on me
the words of wisdom go.

léo m.
Abril despedaçado...

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O dia D...

Nenhuma escolha é fácil. E eu dou Graças a Deus por ele ter me dado alguma paciência e alguma sabedoria, por ter me dado alguma força de vontade, por ter me oportunizado ser criado por tios maravilhosos que me apontaram diversas possibilidades, por ter me dado pais que, seja direta ou indiretamente, me ensinam e me ensinaram o que é e o que não é amar (seja pelo que afirmam/afirmavam, pelo que deixam/deixavam de afirmar ou mesmo pelo que negam/negavam). Eu dou Graças ao grande Mestre, ao Tempo, meu guia espiritual, por estar hoje numa fase rica em possibilidades, oportunidades que, se por um lado, me pedem pra ficar, por outro dizem que toda escolha é acertada se feita com coragem, sinceridade, otimismo e confiança em si mesmo.

Estou saboreando (sabendo e sentindo), neste momento, duas palavras misturadas DESTINO e SENTIDO... e encontrando como semente delas, como caroço, o meio, a sílaba central, o “ti”, ou seja, eu mesmo. O destino depende do sentido que tu dás a ti mesmo, esse é o mistério destas duas palavras.

Consultei meu Mestre, e ele me disse “Deus me deu tamanha sorte/ não sair do meu lugar”. E eu me perguntei: qual é mesmo o meu lugar? E de fato, o que sinto é um abraço da cidade onde moro, como se ela dissesse “você quer ficar? É isso o que tenho pra lhe oferecer”, e as portas se abriram: trabalho, instituições onde sou respeitado como profissional, como homem, um nome que já construí, ainda pequeno, é certo, mas reconhecido publicamente, uma família que construí, minha filha sobralense, meu filho reconhecido em Sobral. Amigos com quem agora construo fortes laços de amizade, como ensina outro grande Mestre, das coisas mais valiosas que há no mundo. Possibilidades de realizar projetos profissionais e pessoais. Eu seria ingrato indo embora. Não sei se essa frase é afirmativa ou interrogativa. O fato é que não é essa a questão. Nossa missão é evoluir espiritualmente, tanto faz aqui ou lá. Ontem à noite, sonhei com um templo em construção, ainda só nos tijolos. Seja onde for, e como for, tudo está em construção ainda, sem nada definido.

Por outro lado, a vida me trouxe pra cá, mas eu sou de lá, eu sou do mar. Sinto sua falta. Eu posso sentir daqui o cheiro do mar. Eu posso sentir o sal do mar na pele. Eu não sou daqui, Marinheiro, eu venho de longe. Do lado de trás da serra. Sou filho de sol poente, desço de sal nos olhos doentes da falta de voltar, da falta que sinto do mar. Lá, é onde está minha família, onde estão meus amigos mais antigos, minha memória mais antiga, onde a literatura pode me dar mais, onde a música pode me dar mais, onde eu posso dar mais pra música, pra literatura. É onde reencontrei a União, e onde me sinto mais à vontade para estar mais próximo. É onde posso auxiliar melhor meus pais, meus parentes. Minha tia que morreu sem que eu lhe desse um abraço (eu não estava lá). Os olhos do meu amigo que eu não pude ver antes que ele se enforcasse (eu não estava lá). É uma cidade onde posso dar mais para os meus filhos, escola, atividades extras, lazer: praia, cinema, teatro, centros culturais, exposições... mar! Ah, o mar! Seria um avanço.

Mas há avanços que se parecem com atrasos, e atrasos que se parecem com avanços.

Fortaleza é uma cidade caótica, onde as pessoas vivem estressadas, onde todos estão à flor da pele, onde as pessoas, dependendo do lugar onde elas estão, vivem com medo de assalto, com medo umas das outras, uma cidade onde tudo é difícil, onde tudo é longe demais ... é uma cidade onde teríamos alguma dificuldade em encontrar alguém pra dividir as tarefas domésticas, onde Simone teria, a priori, algum trabalho para conseguir emprego. É tudo isso, sim, é verdade, mas é minha cidade. Foi lá que eu nasci. É lá onde tenho noção de realidade. É lá onde sinto que é minha realidade. E toda a minha vida é um retorno. And it’s a long way!

Sobral é uma cidade fértil, que se permite para mim, onde já tenho organizado um ciclo social de trabalho já bem significativo, onde eu tenho um certo know-how, como se diz, onde as pessoas me reconhecem, sabem quem eu sou. Ontem minha irmã me disse uma coisa que fiquei pensando: “é melhor ser a cabeça duma sardinha que o rabo de uma baleia”. Não sei se não seria reconhecido na UECE. Confio no meu trabalho. Sei que faria um bom trabalho. Mas lá eu teria possibilidade de me engajar nos projetos de pesquisa e extensão da universidade, me engajar nos centros culturais para dar cursos e minicursos. A UECE seria uma universidade que me daria respaldo para desenvolver projetos juntos de escritores amigos como Pedro Salgueiro, Carlos Emílio, Alan Mendonça. Uma universidade que me daria respaldo para escrever para os jornais estaduais. Mas aqui, em Sobral, as coisas já estão estruturadas, tudo está planejado até o final do ano, os meninos estão adaptados à nova escola, Simone está trabalhando – ela teria que deixar o trabalho pra dar conta dos meninos, já que eu ia precisar ficar fora por três dias, ao menos nesse semestre. É bem verdade que esse trabalho dela a obriga, hoje, a estar fora de casa às vezes por 3, 4 ou 5 dias consecutivos, noutra cidade. Mas eu estive fora por meses, durante o mestrado. É a vez dela. Estou aprendendo a ficar mais perto dos meninos.

É bem verdade que eu disse que poderia até ser que meu lugar passasse a ser Sobral daqui pra frente, mas eu disse, ano passado inclusive, que precisava morar por um tempo de novo em Fortaleza, como uma espécie de tira-teima, pra ver como é que é. A oportunidade veio: dar aulas na UECE, onde muitos amigos estudaram, amigos ainda vivos, amigos que se foram para sempre. É. O mestre não brinca: desejo feito com o coração ele atende mesmo. Mas... não é hora! Não agora! Me senti na caverna do dragão: toda vida que vislumbro um portal pra voltar pra casa, algo acontece e acabo não indo. Medo de ir? Coragem de ficar. Sabedoria de saber que não é o momento certo. Talvez. Deus me deu o benefício da dúvida. E é isso o que me impele a estudar mais de mim, do mundo, da vida, de tudo.

Não obstante tudo isso, embora ambos sejam para professor substituto, dois anos no máximo, meu sentimento é de que essa escolha definirá toda a minha vida daqui pra frente: minha vida se dividirá entre antes e depois dessa escolha.

Ontem foi até engraçado: coloquei o tarô pra mim mesmo. Fazia anos que eu não colocava. Perguntei se eu tinha que ficar em Sobral e saíram determinadas cartas. Perguntei se eu tinha que ir pra Fortaleza, e saíram as mesmas cartas (risos), como se dissesse: “nã nã ni nã não: decida você!”. Pois é isso! É hora de decidir.



27 de fevereiro de 2012

Léo Mackellene