sábado, 14 de abril de 2007

A vaidade é uma forma de ansiedade
É o medo de ser esquecido
Existem coisas muito diferentes nesse mundo.
Uma coisa é a mulher pela qual a gente se apaixona.
Outra coisa é a mulher com a qual a gente se casa.
Mesmo sendo a mesma pessoa.

As mãos

As mãos suspensas sobre o teclado e ele pensou que escrever sobre alguém que não consegue escrever devia ser uma traição, uma inverossimilhança, como dizem os aristotélicos. Mas as mãos suspensas sobre o teclado lembravam cabelos molhados, cabelos molhados de suor, pingando letras.

As pedras no caminho não impediam de andar. Era fácil! Qualquer imbecil com um pouco mais de disposição seria capaz de galgá-las. Qualquer idiota seria capaz de caminhar sem tropeçar na pedra. Era só prestar um pouquinho mais de atenção! Exceto uma menina que conheci na faculdade que tinha vergonha de puxar a cordinha do sinal quando o ônibus chegava perto da sua parada, e ela sempre passava do ponto. É uma metáfora boba, ridícula, clichê, abusável. Mas o mineiro não era só isso, graças a Deus!

Pensava nisso tudo e as mãos continuavam suspensas sobre o teclado como cabelos molhados; gotejando palavras. As pedras no meio do caminho são como represas. Represado. Silenciado.

As mãos, suspensas sobre o teclado pensavam e pesavam como pedras.

Compreendeu, por fim, que o maior obstáculo para as grandes obras-primas são as mãos, a desobediência das mãos.
A verdade é uma escolha.
A verdade é um destino.
Caminhava
e as árvores me seguiam.
O peso de guiar
é nunca ter sido guiado.

O primeiro a andar
Está sempre sozinho pelo caminho.

Enternecidas,
As árvores me abraçam.
Querem enraizar-se.
E tu, espírito que movimenta esta carne que agora escreve? E tu? Quantos séculos te habitam? Quantos séculos têm tuas experiências que se acumulam e se aglutinam a transformar-se em verdades que ora aprecio, ora repugno? Quanto há de sofrer esta carne, teu veículo de intervenção neste mundo? parece-me que estás sempre dormindo e como pastas de arquivos de computador, tu guardas a experiência, a consciência acumulada em tanta dor. Quando desaparecer o corpo, tu retornará para dormir um sono sem sonhos, mas, como sempre, a dormir. Afinal, morrer é apenas um sono sem sonhos. E que sou eu senão a intersecção de ti e dessa carne que agora tomo emprestada? Assim, percebo que sou teu aprendiz e que sem ti não sou nada. Mas tu, que sempre existiu, e que se pôs a dormir eternamente, esquece-se de impor-se, porque és diferente, indiferente a tudo o que existiu antes de ti: o universo. A senha que és é, assim mesmo, indiferente, tolo, porque sozinho e nu
medo, teu nome é sombra
O melhor aplauso é a compreensão

terça-feira, 10 de abril de 2007

toda palavra é uma porta
O único livre-arbítrio possível
é a honestidade.