segunda-feira, 11 de junho de 2007

Pela janela do ônibus, a última cidade da Bahia

Aqui o cenário é marrom e as folhas outrora verdes à beira da estrada entupiram seus poros de barro, um pó-de-barro que mesmo no vidro lacrado quer me fazer espirrar.

Minhas expectativas pra Brasília? Não sei. Depois do lançamento na casa do Henrique, espero pouco. Uma das coisas que aprendi por lá foi que a expectativa cria mundos inexistentes só para ter o doce prazer de nos ver destruídos.

O cenário é marrom há horas. A vegetação cedeu lugar a um descampado dourado pelo sol dessas horas. No descampado, bois-de-lombo todos brancos pastam. Pertencem à fazenda Xique-Xique que avistamos em minutos. De um lado e do outro da estrada, nada. Terreno queimado. Estamos próximos ao centro-oeste do país. É descampado sem fim, a dar na vista. Povoados por gado de toda espécie. Não há nada de novo sob o sol. Uma infinidade de terra para bois e nenhum sinal de casebres ou barracas. Quantos foram expulsos dali? Quantos morreram? E continuam avançando. Há tratores quando o pasto termina, uma hora e meia depois de onde começa. E o fogo também desmata, continua. O fogo é o primeiro sinal da chegada da civilização.

Após um pequeno intervalo de mim, onde, parece, a vegetação luta para se recuperar, um novo imenso descampado se abre para abraçar os olhos. São plantações de soja. Hectares infindos com um maquinário de irrigação que vai ao horizonte. Água. O chão riscado por dentes gigantescos de quem arranca raízes.

A entrada da cidade revela o grau de sofisticação da cidade que desponta. Casarões eqüidistantes sobre o cenário desnudo aparenta a cidade ao sul da América do Norte. D20s, Hiluxes, S10s e por aí vai são os carros que avisto à entrada da cidade colorida e iluminada. Um centro urbano em altíssimo grau de elevação tecnológica no meio do cerrado. A estrada divide a população dona da cidade e os pobres que trabalham para ela.

O nome da cidade? Luís Eduardo Magalhães.

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